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Reconhecida, valorizada e até mesmo festejada por um público seleto e sofisticado, esta é a cachaça tipicamente brasileira. Popularmente apelidada como “água que passarinho não bebe”, a bebida que possui mais de 150 sinônimos, segundo o dicionário Aurélio, passa a fazer parte da mesa de todos os tipos de consumidores. Depois de ser eleita a mais popular do Brasil, a cachaça é destaque em elegantes restaurantes e bares, dando um toque especial a pratos de conceituados chefs de cozinha.
Envelhecida, Premium, Extra Premium, independente do tipo, a “marvada”, famosa por seu elevado teor alcoólico, obtida por destilação de frutos, cereais, raízes, sementes, tubérculos, etc, está em alta no momento. Aqui ou no exterior, ela possui consumidores fiéis, movimentando por ano 1 bilhão de reais e mais 1de bilhão de litros. Paris Hilton e a atriz Jennifer Aniston não cansam de declarar sua paixão pela caipirinha.
Apesar de ser um dos destilados mais pedidos nos bares norte-americanos, principalmente pelos apreciadores de tequila, uma barreira ainda bloqueia uma difusão maior da cachaça por lá: é que nos EUA o produto ainda não reconhecido pelos órgãos responsáveis pela classificação de bebidas e alimentos. Dessa forma, ela é vendida como Brazilian Rum, apesar de o rum ser feito a partir da fermentação de um caldo de cana “cozido” e ser produzido nas ilhas do Caribe, enquanto a cachaça é exclusivamente brasileira e feita com cana “crua”, prensada e fermentada.
“Estamos, também, reivindicando a denominação de origem e a elaboração da regulamentação para o produto no exterior”, afirma Leandro Lara, diretor da Feira Brasil Cachaça. “Essa situação, em breve, vai mudar. Os governos do Brasil e Estados Unidos estão acertando um acordo para que a gente passe a reconhecer, muito em breve, os bourbons e os tennessee whiskys, como o Jack Daniels, enquanto eles, em retribuição, passarão a reconhecer a cachaça com destilado brasileiro”, explica.
Origem da cachaça
Para entender a história da cachaça é necessário voltar ao início do século XV, quando os portugueses conheceram a cana de açúcar durante suas viagens à Ásia e não tardaram em levar algumas mudas para a Ilha da Madeira para, mais adiante, levar a cana para novas terras descobertas no Ocidente.
Em pouco tempo, a cana de açúcar se tornou um dos negócios mais lucrativos em terras americanas para os países europeus, dada a crescente demanda por este produto no Velho Mundo para usos gastronômicos. Porém, o “Rei Açúcar” exigia cada vez mais terras e sacrifícios humanos. Milhares de hectares de matas foram destruídos, e como a mão de obra não era suficiente para assegurar a produção, milhares de africanos acabaram embarcados rumo à América para serem escravos nos canaviais. Graças ao suor e ao sangue destes trabalhadores negros, a nobreza europeia podia levar uma vida que, além de confortável, era cada vez mais doce.
Nos engenhos onde se obtinha o açúcar, o caldo da cana era depurado em uma enorme caldeira em fogo brando. A espuma formada pelos resíduos da planta era usada como alimento para os animais. Era a cachaça.
Só a partir do século XVI a cachaça, da mesma forma que se fazia com os restos da fermentação do suco da uva, começou a ser destilada com a ajuda de um alambique. Seu primeiro nome foi aguardente de cana e ela era dada aos escravos junto com a primeira refeição do dia para que pudessem suportar melhor o trabalho nos canaviais.
Com o passar do tempo, o processo para a obtenção desta aguardente foi melhorando, assim como sua qualidade. Seu consumo cresceu de maneira tão rápida que a Coroa Portuguesa viu perigar a venda de sua aguardente nacional, a “bagaceira”, para as colônias. Em 1635, a metrópole acabou proibindo a venda de cachaça no Estado da Bahia e, quatro anos depois, tentou proibir sua fabricação.No entanto, a cachaça já tinha se tornado a bebida preferida da enorme colônia americana.
Típica do Brasil (e do mundo)
As bebidas possuem, em geral, um ciclo de consumo no mundo. A cada dez anos, uma bebida se destaca no mercado e vira líder em todos os países. O atual ciclo é o da cachaça, que tem o Brasil como seu país de origem. Segundo o professor de agronomia da UFPR, Agenor Maccari Jr., que possui várias pesquisas sobre a cachaça, este momento ocorre em função do mercado e da economia atual. Explica-se o alto consumo da bebida no exterior também por estar o Brasil em destaque internacional. “O Brasil é carnaval, futebol e cachaça. Faz parte da identidade cultural do país”, afirma o professor.
No mercado interno, vários são os motivos pelos quais os brasileiros consomem o produto. O apreciador da bebida Nestor Romko afirma que seu interesse está estritamente relacionado à culinária. “Gosto de pratos com cachaça, como o linguado”.
Reportagem também publicada na revista Bem Viver
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